quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Tara Perdida


A génese dos Tara Perdida remonta ao ano de 1995 – mais precisamente ao dia 10 de Junho de 1995. Foi exactamente no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, que os músicos se juntaram pela primeira vez no bairro de Alvalade para um primeiro ensaio. De um lado, o baixista Cró e o vocalista/guitarrista João Ribas cheios de vontade de embarcar numa nova aventura musical. De outro, o guitarrista Ruka e o baterista Orélio, à procura dos músicos certos para concretizarem as ideias que já tinham desenvolvido em conjunto. Uma enorme paixão pelo punk/hardcore e uma vontade incessante de tocar uniram os quatro músicos, no lugar e na altura certas.
A 17 de Novembro do mesmo ano, uns escassos cinco meses depois, a banda dá o seu primeiro concerto no G. Dramático Ramiro José. A jogar em casa, as reacções não se fizeram esperar e, desde essa primeira actuação ao vivo, nunca mais voltaram a olhar para trás. Alternando a escrita de canções com mais alguns espectáculos, os Tara Perdida assinam o primeiro contrato discográfico no início de 1996, entrando em estúdio para a gravação disco de estreia no mês de Abril. É precisamente nesta altura, já com a banda em estúdio e a meio do processo de gravação, que se dá a primeira alteração no seu seio – Cró decide abandonar o projecto e é rapidamente substituido por Jaime. Antecedido por uma memorável actuação no mítico festival Vilar de Mouros, «Tara Perdida» chega aos escaparates em Novembro e é alvo de uma aceitação bastante calorosa por parte do público.
Numa altura em que o cenário rock nacional estava desesperadamente a precisar de um valente abanão, a atitude contestatária e enérgica de temas como «Isto Não Vai Melhorar», «Feia» ou «Até M'Embebedar» tiveram precisamente o efeito que se pretendia e permitiram-lhes passar a primeira parte do ano seguinte a tocar pelo país e a partilhar palcos com bandas internacionais tão conhecidas como NOFX, Ratos de Porão e Exploited.
Sem perder muito tempo, os quatro músicos voltam a entrar em estúdio e – entre Maio e Junho de 1998 – registam o segundo álbum, interrompendo o processo de gravação para actuar nos Coliseus de Lisboa e Porto como “banda de suporte” dos norte-americanos The Offspring. «Só Não Vê Quem Não Quer» é editado em Outubro de 1998 e o grupo parte novamente para a estrada, onde se mantém estoicamente durante quase um ano – o ponto alto desta digressão acaba por ser a primeira (e até à data única) aparição dos Tara Perdida fora do país, com uma actuação no festival C’Rock Note em França.
Face à perspectiva de terem de embrenhar-se no processo de composição do terceiro disco – que, no universo do rock é habitualmente visto como aquele que pode fazer triunfar ou quebrar uma banda – os músicos depararam-se subitamente com um impasse. Aparentemente esgotados pelo rigoroso nível de actividade a que se tinham submetido até então, decidiram abrandar por uns tempos e usaram essa pausa para repensar a sua estratégia de ataque.
A solução para o bloqueio criativo que estavam a atravessar na altura passou pela entrada de Ganso para os Tara Perdida, em Novembro de 1999. Amigo de longa data dos restantes elementos, apoiante da banda e excelente compositor, o guitarrista acabou por revelar-se uma peça-chave durante os anos de 2000 e 2001 – que, embora com alguns concertos pelo meio, foram passados basicamente a criar novos temas e a arranjar um sítio fixo para ensaiar. Em Março 2001 Orélio deixa a banda, sendo substituido por Kistos.
Com uma formação renovada – João Ribas na voz, Ruka e Ganso nas guitarras, Jaime no baixo e Kistos na bateria – começam finalmente a gravar o terceiro longa-duração em Fevereiro de 2002. As sessões de captação dividem-se entre os estúdios MB (no Porto) e BEBOP (em Lisboa), dando início a uma saudável colaboração com o produtor Cajó (conhecido pela sua associação a nomes como Xutos & Pontapés ou Sérgio Godinho). «É Assim» é editado em Junho de 2002 e, desde logo, aclamado como o melhor registo dos Tara Perdida até então.
A sensibilidade melódica de Ganso, a versatilidade rítmica de Kistos e uma atitude um pouco mais descontraída ajudaram a alargar a base de seguidores do grupo e transformaram canções como «Nasci Hoje», «Criar Soluções», «Desalinhado» e «30 Dias» em verdadeiros hinos. Com uma ainda maior coesão em palco e com o carismático João Ribas mais liberto e à-vontade na posição de frontman, os anos de 2003 e 2004 transformam-se num dos períodos de maior actividade para banda no que toca a actuações ao vivo. O ano de 2004 ficou marcado também pela inclusão de um inédito, com o título «Não Vou Mentir», na colectânea «Rock n’ Riots» e por mais um abalo no colectivo – Kistos abandona e Rodrigo ocupa o lugar deixado atrás do kit de bateria.
2005 marca o décimo aniversário dos Tara Perdida e a edição de um novo disco. Em Janeiro desse ano o quinteto regressa aos estúdios MB e BEPOP, contando outra vez com a produção de Cajó, para a gravação do sucessor de «É Assim». A edição de «Lambe-Botas», em Abril, é assinalada com três concertos de arromba – primeiro no Porto, depois em Lisboa e, finalmente, em Faro. Aproximando-se à perfeição da fórmula explorada do seu predecessor, o novo disco permitiu ao grupo voar ainda mais alto e participar em eventos como o SBSR 2005 e, já no ano seguinte, Rock In Rio Lisboa, Vans Club Tour e Jurassic Summer Fest.
2006 acabou por revelar-se o ano mais produtivo de sempre para a banda, que deu cerca de 40 concertos por todo o país e provou que – uma década depois de ter começado a escrever os primeiros temas – estava no auge da sua forma. Ainda antes do final do ano gravaram o seu primeiro DVD, perante uma Incrível Almadense a rebentar pelas costuras. Numa altura em que a palavra “culto” é facilmente confundida com a quantidade de ficheiros mp3 armazenados no disco rígido de um computador ou de “amigos” numa conta de MySpace, os Tara Perdida mostram que ainda é possível construir uma carreira tendo como base a lealdade dos seus seguidores e a relação de proximidade que mantêm com eles.
Três anos após a edição do muito bem sucedido «Lambe-Botas» e de um dos períodos mais prolíferos da sua carreira no que toca a actividade ao vivo, os Tara Perdida voltam finalmente à carga com um novo registo de originais. «Nada a Esconder» é o quinto álbum assinado pelo quinteto lisboeta, assinala a sua união à multinacional Universal Music e, acima de tudo, reforça a ideia de que a banda continua a ser tão relevante como quando se formou. 
- Tara Perdida (Facebook

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